quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vampiros Remix – ou como os vampiros ficaram bonzinhos

Não é mais novidade para ninguém que uma verdadeira revoada de vampiros tem aterrissado nas livrarias, nos cinemas e na programação de TV em todo o mundo.

A Warner acaba de estrear o seriado "Vampire Diaries" seguindo os moldes da saga "Crepúsculo" de Stephenie Meyer, cujos quatro livros já venderam mais de 70 milhões de exemplares em 39 países (*). Dois desses best sellers rederam filmes – "Crepúsculo" em 2008 e "Lua Nova" que estreou na última sexta-feira 20/11/2009. Além disso, a HBO acabou de exibir a segunda temporada da bem sucedida série "True blood".

Mas o que explicaria o ressurgimento e o sucesso dos vampiros, especialmente jnto ao público adolescente?

Vampiros são entidades que atravessam os séculos como mitos autóctones. Aparecem em diferentes culturas com traços semelhantes: morto-vivos nefastos que drenam o sangue dos humanos sem piedade. Os vampiros clássicos interpretados no cinema por Bella Lugosi, Christopher Lee entre outros exalavam o mau e a crueldade, despertavam medo e repulsa e eram claramente entendidos como seres a serem banidos, destruídos. Eles estavam ajustados a um mundo cujos valores eram claros e todos sabiam o que era o bem e o que era o mal. Vampiros eram o mal e ponto final.

A literatura no séc XIX e, mais tarde o cinema no século XX, deram conta de tornar o vampiro sensual, atraente, belo, desejado. Embora ele ainda incorporasse o mal, despertava desejo num misto de atração e repulsa. Foi assim com Drácula de Bran Stocker (1992), Vampiro Lestat de Ane Rice (1994) e outros que abriram caminho para uma remixagem da figura do vampiro.

Vampiros já não metem medo porque são apresentados como figuras muito mais "humanas" do que míticas. Andam sob a luz do dia, integram-se aos grupos, namoram com "mortais", são sensíveis, compreensivos, charmosos, inteligentes, até éticos e respeitosos - não sugam sangue humano, só de animais - sofrem por terem uma faceta monstruosa e lutam para conter seus impulsos agressivos – Notem que semelhanças com o comportamento adolescente não é mera coincidência.

Os novos vampiros agradam porque não são monstros puros, mas seres "diferentes" que como excluídos sociais ou qualquer outra "minoria" estão em busca de aceitação, querem ser compreendidos e integrados na diversidade social. Agradam porque foram ajustados à lógica do "politicamente correto" numa realidade que já não oferece mais espaço para dicotomias de valores. O mal passou a ser circunstancial e relativo e pode virar o bem dependendo da situação e momento. Decorre daí que, com tais características, os vampiros tornam-se personagens ideais para gerar identificação, especialmente com o público adolescente ou jovem que vive dilemas assemelhados.

Eternamente jovens

Outra razão que parece ajudar a entender o sucesso das figuras dentuças é o fato de que eles correspondem ao ideal estético do nosso tempo: são eternos, permanecem jovens, belos e vigorosos. Tem os atributos que correspondem em grande medida à busca permanente de jovialidade a qual somos impelidos a perseguir.

A adaptação do vampiro ao espírito do nosso tempo pode estar impulsionando o consumo de entretenimento. Mas em termos do imaginário, quanto mais houver o distanciamento da figura mítica que funcionava para transmitir valores e parâmetros, mais desinteressante ele pode se tornar. Isso pode significar que em breve poderemos assistir o declínio do vampiro como um "produto" para consumo das massas.

Quem sabe os lobisomens não tenham chance dessa vez?

(*)Ver www.ansalatina.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Conselho Federal de Psicologia quer proibir propaganda com modelos de cabelos alisados

Segundo a coluna do analista Diogo Mainardi, da revista Veja, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai enviar uma proposta que pretende proibir a propaganda com pessoas de cabelos alisados, com o argumento de que ela pode causar "transtornos de toda ordem", comprometendo "a integridade física e psicológica" de quem a assiste.

A referida proposta será apresentada em dezembro de 2009 em um evento denominado Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), que é patrocinado pelo governo federal e por entidades associativas, sindicatos entre elas. Aliás, todas têm em comum o fato de serem esquerdistas e se articularem em torno de propostas estratégicas de controle estatal e partidário das comunicações em geral e do jornalismo em particular.

Voltando à proposta do CFP, quem disse que a imagem de cabelos alisados causa "transtornos de toda ordem"? Afirmações genéricas como essa carecem de fundamento científico, além de assumirem claramente um caráter de retórica ideológica. Isto é non sense, não ciência.

Mas, como os profissionais de marketing e de pesquisa poderiam ser afetados caso a tal proposta venha a ser aprovada e se transforme em lei, ou melhor, proibição? De muitas maneiras. Inicialmente, empresas de cosméticos teriam sua liberdade de anunciar seriamente comprometida. Isso certamente fará com que elas anunciem menos e, como conseqüência, pesquisem menos. Como exemplo, podemos citar a Unilever que também comercializa produtos para cabelos alisados.

Vale lembrar que o pior é o que se esconde por trás desse tipo de ingerência política no mundo dos negócios. Em breve alguém afirmará que a propaganda de alimentos pode induzir a obesidade. Ou que a propaganda de pacotes turísticos acentua a desigualdade social, afetando a auto-imagem daqueles que não podem viajar. Sim essas afirmações são absurdas, carecem de fundamento científico e se prestam a fazer politicagem. A vitimização das pessoas é, freqüentemente, utilizada como argumento de políticos e entidades autoritárias, que com o pretexto de proteger as pessoas supostamente indefesas (no caso, os consumidores) instituem mecanismos cada vez mais invasivos de controle da liberdade individual e de empreender.

O perigo é real e imediato.