De nada adianta dominarmos as etapas de "Design Thinking", usarmos ferramentas descoladas para ideação se não desenvolvermos a capacidade psicológica de nos colocarmos no lugar do outro, daquela pessoa para o qual estamos dirigindo nossas ações, nossos produtos/serviços, o que quer que seja.
A tarefa de quem está criando algo para ser usufruído por outros não é apenas “conhecer” o outro, ver como ele faz suas compras, como escolhe uma marca, o quê está dizendo nas redes sociais sobre o seu produto. Isso é apenas uma parte do processo que funciona como um sobrevoo para ver os contornos do território.
Se há uma autêntica vontade de entregar ao consumidor o que ele deseja, o que pode resolver mais adequadamente suas necessidades há que se fazer um esforço maior do que apenas conhecê-lo. É algo maior do que isso, é fazer um exercício de “ser” aquela pessoa, ainda que por alguns instantes, como fazem os atores quando elaboram seus personagens, realizando uma imersão na vida interior daquela pessoa buscando compreender a lógica dos pensamentos, das ações e das emoções.
Como facilitadora em grupos de co-creation procuro desenvolver exercícios para que os envolvidos no projeto abandonem suas metas como gestores de marcas, profissionais de design, marketing etc, e sintam-se como seu cliente e tentem responder da maneira mais completa e mais colorida de detalhes possível:
- O quê estaria pensando, sentindo, desejando quando está dentro daquela loja?
- O quê acontece quando abre aquela embalagem na cozinha de sua casa?
- Que ideias, imagens mentais, sensações surgem quando entra em contato com aquele aroma?
- O quê sente quando se olha no espelho vestido com aquela roupa? Que pensamentos estão na sua cabeça naquela hora?
A prática da empatia pode representar um grande trunfo para quem está envolvido com inovações e produção de criatividade e, quanto mais se exercita, mais se consegue ampliar a capacidade de antecipar o que pode satisfazer as necessidades e desejos do consumidor.
A capacidade de ser empático será cada vez mais importante para criativos, designers, pesquisadores de marketing e todos envolvidos em lidar com consumidores.
Rumamos para tempos em que será mais importante estar preparado para responder à indivíduos do que à segmentos e clusters.