quinta-feira, 29 de julho de 2010

Roxo aumenta a resposta de questionários enviados por correio

Pesquisadores que realizam estudos que utilizam como tática de coleta de dados questionários enviados pelos serviços de correio sabem que a taxa de resposta ao material enviado é sempre um desafio e uma preocupação.

Muitas técnicas têm sido empregadas na tentativa de melhorar as taxas de resposta, tais como incentivos pré-pagos e os lembretes repetidos enviados aos sujeitos. Contudo, essas práticas adicionam custo e trabalho adicional à condução do estudo.

Na tentativa de encontrar alternativas viáveis, um estudo conduzido por dois professores - Mike Brennan e Jan Charbonneau - do departamento de marketing da Massey University da Nova Zelândia e que foi publicado no Marketing Bulletin testou se e como questionários de cores diferentes interferem na taxa de resposta. O resultado da pesquisa foi bastante interessante.
O estudo examinou o efeito de quatro cores de questionários - vermelho, verde, azul e roxo - nas taxas de resposta à uma pesquisa. 

A pesquisa foi realizada em etapas repetidas [ondas] com uma amostra de 1.600 moradores da Nova Zelândia, escolhidos aleatoriamente a partir de uma listagem de eleitores.

Os resultados mostraram que questionários de cores diferentes tiveram a capacidade de gerar taxas de resposta significativamente diferentes - variando de 60% para 71% de resposta. A cor mais eficaz dentre as quatro testadas foi a roxa. Além disso, o roxo também foi a cor mais eficaz tanto para os homens como para as mulheres, em todas as faixas etárias consideradas. Para ler o texto completo clique aqui.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O sucesso das figurinhas da Copa

Foi realmente impressionante o interesse que o álbum de figurinhas da Copa despertou entre crianças e adultos de ambos os sexos. O assunto tomou espaço e contaminou ambientes de uma tal maneira que pude ver adultos trocando figurinhas “para seus filhos” em posto de gasolina, supermercados, intervalo de reuniões em empresas e até em reunião de condomínio. A febre da troca de figurinhas tranformou até a rotina da padaria “Cantinho do Pão” em Granja Viana, Cotia, SP. O pequeno espaço foi tomado pelos clientes e trocar figurinhas virou um evento com recorde de audiência nas tardes de domingo.
O álbum da Copa 2010 também foi disponibilizado em formato virtual mas chamou a atenção que o interesse pelas figurinhas de papel tenha sido maior. Segundo a Editora Panini (*), responsável pela impressão de álbuns e figurinhas da Copa vendeu algo próximo a 135 milhões de envelopes de figurinhas no ano de 2006 e esperava superar os 150 milhões nessa Copa de 2010.
Foi observando uma dessas tardes de trocas de figurinhas na referida padaria da Granja Viana que levantei algumas hipóteses para tentar entender os significados do sucesso do álbum da copa.

Atividade lúdica e o desenvolvimento de capacidades
O hábito de guardar, organizar, selecionar, expor e trocar objetos dos mais diversos – selos, moedas, miniaturas diversas, livros, garrafas e embalagens de bebidas entre outros guarda similaridades com a prática dos jogos e, tal como estes, permite ao jogador assumir diferentes funções, desempenhar papéis, realizar fantasias, superar limites, descarregar emoções etc.
A importância do jogo na expressão de fantasias e ansiedades e também como recurso facilitador para o desenvolvimento da aprendizagem tem sido objeto de estudo na Psicologia cujos trabalhos de Melanie Klein, Ana Freud e Arminda Aberastury (**) são primordiais para quem deseja compreender o fenômeno do jogar no desenvolvimento das crianças.
Colecionar, assim como todo o jogo, envolve regras que devem ser entendidas, assumidas e respeitadas pelos participantes que se propõem a jogar. O objetivo final de se colecionar figurinhas é completar o álbum, mas até que isso se concretize há uma trajetória que permite ao colecionador se relacionar individualmente com suas figurinhas – colocá-las no álbum, inventar jogos solitários, compará-las - mas também utilizá-las no contato com outras pessoas. Montar o álbum deixa de ser uma atividade solitária para tornar-se social, na medida em que a troca de figurinhas possibilita uma dupla realização: ao mesmo tempo que se encontram as figurinhas que faltavam, vínculos com outras pessoas podem ser contruídos ou estreitados. Em outras palavras, trocar figurinhas pode contribuir para a socialização de crianças e de adultos também.
Outra possibilidade intrínseca ao jogar/ colecionar é o exercício da competição. Durante as trocas está significativamente presente o objetivo de se vencer o outro. Ter um álbum completo antes de outros significa ser um vencedor, superar os demais e, consequentemente, ter mais poder e conseguir a admiração e o reconhecimento dos pares. As crianças também exercitam a competição derivando outros jogos como o “bater bafo”, onde ganha quem conseguir virar o maior número de figurinhas com a mão.
Colecionar figurinhas e envolver-se no jogo de completar o álbum pode ajudar indivíduos , independente de idade ou sexo, a desenvolver aprendizagem e aprimorar funções cognitivas como selecionar, comparar, agrupar estímulos semelhantes, exercitar raciocínio matemático. Da mesma forma que através da atividade lúdica há a possibilidade de estruturar e ampliar contatos sociais, interagir, aprender a negociar e barganhar. Mesmo a imposição de limites para a compra de figurinhas constitui-se para as crianças uma oportunidade para aprendizado de limites.
Não podemos deixar de mencionar o fascínio que exercem os envelopes de figurinhas. Desconhecer o conteúdo do envelope é um jogo em si mesmo que desperta a curiosidade e expectativa de se conseguir a tão esperada figurinha que vai completar o álbum ou que ainda ninguém conseguiu ter.
Acredito não ser difícil entender por que promoções de produtos que associam a compra com a possibilidade de colecionar objetos fazem tanto sucesso sempre, pois funcionam como um jogo atraente, especialmente quando o tema da promoção é algo atual e pertinente ao interesse do público-alvo.

(*) www.paninionline.com.br
(**) Leitura recomendada: Aberastury, A. 1992. A Criança e seus Jogos. Porto Alegre. Artmed.